Os Estados produtores de petróleo terão um alívio nas perdas projetadas para 
este ano com as novas regras de distribuição dos royalties do petróleo. A 
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) decidiu nesta 
quinta-feira que calculará os royalties sobre petróleo de acordo com a lei que 
estiver em vigor na data da produção. No Rio, a perda poderá ser reduzida em R$ 
1 bilhão. 
Na prática, somente a partir de maio os repasses começarão a ser feitos pelas 
novas regras. Pelo menos os royalties de janeiro e fevereiro serão repassados 
conforme as regras antigas. Com isso, segundo a Secretaria de Desenvolvimento 
Econômico, Energia, Indústria e Serviços, a perda de receita deste ano para o 
governo estadual e municípios passará de R$ 4 bilhões para R$ 3 bilhões.
O cálculo da distribuição dos royalties entre União, Estados e municípios, 
bem como o repasse pelo Tesouro Nacional, é feito sempre dois meses após o mês 
de produção. O cálculo geralmente é feito por volta do dia 12 e o repasse, por 
volta do dia 20. 
Portanto, neste mês, a ANP calculará os royalties referentes à produção de 
janeiro, que serão distribuídos pelas regras antigas. O mesmo ocorrerá com os 
royalties da produção de fevereiro, a serem repassados em abril.
As novas regras valerão para os repasses aos royalties referentes à produção 
deste mês, em função da data de publicação da derrubada dos vetos da presidente 
Dilma Rousseff à lei sobre o tema no Diário Oficial - o mais provável é que isso 
ocorra na próxima semana. 
Segundo a assessoria de imprensa da ANP, a agência aguarda a definição sobre 
a data de promulgação da nova lei e a publicação da derrubada dos vetos para 
decidir como serão calculados os royalties de março. Pode ser necessário usar a 
regra antiga para a produção até o dia da promulgação e a regra nova para a 
produção do resto do mês. 
Para o diretor da ANP Helder Queiroz, a discussão sobre royalties não afeta 
em nada a realização da 11ª rodada, em 14 e 15 de maio, já que não serão 
ofertados blocos nos dois principais estados produtores: Rio e São Paulo. Seis 
blocos do Espírito Santo serão licitados. Mas o Estado não está ameaçando 
retaliação com criação de novas taxas, como o Rio.
Já o setor privado diz que a discussão prejudica o ambiente de negócios por 
trazer insegurança jurídica. A possibilidade de criação de novas taxas e custos 
também poderia encarecer projetos e restringir investimentos.
Mas a temperatura está abaixando, segundo o diretor-geral da QGEP, Lincoln 
Guardado. Em teleconferência para divulgação do resultado da companhia no quarto 
trimestre, Guardado disse que a disputa entre Estados produtores e não 
produtores "sempre assusta um pouco", mas que se trata de uma "turbulência de 
curto prazo".
Guardado não descarta que uma judicialização da disputa poderia atrasar a 
realização da 11ª rodada. Mas ele ressalva que "o bom senso está começando a 
aparecer" depois das sinalizações dadas por governadores sobre a possibilidade 
de entendimento e que o governo federal poderá entrar como árbitro na disputa. 
"Pode atrasar (a rodada), mas não cremos", disse.