Após os últimos acidentes de trabalho, envolvendo, só no Carnaval 
deste ano, a morte de um manobrista de trio elétrico e de um operário em
 Costa do Sauípe, a Bahia encerra 2012 com o título de estado nordestino
 mais caro à Previdência.
A informação vem do último Boletim Estatístico divulgado pelo 
Ministério da Previdência Social, que tem como base os dados colhidos em
 dezembro de 2012. Dos R$ 58,74 milhões gastos em 78.361 benefícios 
concedidos aos nordestinos, o estado contribuiu com R$ 15,72 milhões, 
adquiridos em 20.332 benefícios, ou seja, quase 30% do valor total.
Segundo o professor da USP José Pastore, um dos palestrantes do 
Seminário de Prevenção de Acidentes de Trabalho, realizado pelo Tribunal
 Superior do Trabalho, o custo econômico gerado com os acidentes é muito
 pequeno, quando comparado ao enorme sofrimento causado ao trabalhador e
 seus familiares.
“Não se trata, apenas, dos problemas de saúde, mas de todos os 
transtornos pelos quais passamos, quando decidimos lutar pela 
aposentadoria e nossos demais direitos”, desabafa Gilson Helio de 
Oliveira, ex-operário do Polo de Camaçari, afastado do trabalho em 1992.
“No total, foram necessários exatos 12 anos, para, além de me 
aposentar, eu conseguir receber o dinheiro a que tinha direito. Mesmo 
assim, só recebi 1/5 do que pedi e só porque fiz um acordo no Supremo 
Tribunal Federal, última instância da Justiça brasileira”, enfatiza 
Gilson, que, durante os 16 anos de trabalho no Polo, contraiu uma doença
 irreversível conhecida como esteatose hepática (gordura no fígado).
“E meu caso não é único. Existem milhares iguais. Em ‘Fratura Exposta
 do Direito’, livro em que narro alguns dos diversos vícios da Justiça, 
exemplifico o caso de outro colega, que, afastado do Polo em 1990 com 
mielorradiculite (inflamação na medula), até hoje briga pelos seus 
direitos. Isso é um absurdo. O Estado não pode fechar os olhos para seus
 trabalhadores, sua matéria-prima de riqueza. Mais que assegurar uma 
aposentadoria digna, é preciso investir em políticas voltadas à 
prevenção de acidentes e assistência às vítimas. Só assim a população 
poderá trabalhar em paz. Só assim o Brasil poderá crescer e se tornar um
 país de primeiro mundo”, finaliza Gilson.